domingo, 27 de novembro de 2011

Prólogo: RG, Identidade e também um CPF /Parte 3

 O pão de forma tinha uma fatia de queijo no seu, duas no de Mônica. Uma de presunto no da castanha, duas de presunto na sua e encheu de manteiga. As quatro fatias tinham, os dois sanduíches eram assim. Luna sabia que Mônica gostava de misto-quente, Luna gostava de agradar Mônica. Estava orgulhosa com a promoção da castanha. Agora iria esquentar o leite, detestava leite quente, gostava de bebê-lo bastante gelado e cheio de chocolate. Não suportava café e nem mesmo sabia como fazer, mas num ato impulsivo, decidiu fazer café puro como a castanha gostava. Puxou a chaleira e então tudo desabou, literal e metaforicamente.
 Barulho. Levantou num pulo, levantou furiosa. Olhou o relógio e eram sete para as seis da manhã ainda. Bufou ainda mais furiosa, o que estaria Luna fazendo em sua, sua, cozinha naquela maldita hora? Vestiu as pantufas por cima das meias e saiu resmungando maldições até a cozinha. O nariz estava torcido. Havia leite no chão, havia pó de café caído na pia, todas suas panelas no chão e o maldito cachorro andando em círculos envolta da ruiva que desesperada tentava guardar tudo.
 Rezava para que Mônica não tivesse ouvido, mas ao escutar uma tosse forte atrás de si teve a certeza de que ela estava ali. Mônica estava vermelha e não era bom sinal. Não era muito sentimental, mas quase chorou ao ver aquele rosto de pura fúria. Agora o grande cão só fazia lamber o leite no chão e a ruiva só fazia pensar numa boa desculpa para ter deixado a cozinha naquele estado, mas sem conseguir pensar em nada, apenas ficou calada suspirando fundo e olhando para os próprios pés e unhas azuis.
- Colocou bastante queijo no meu? – a voz grossa e aveludada, geralmente áspera e agressiva, mas no momento doce enquanto se abaixava pegando a chaleira logo a enchendo de água – Adoro quando deixa as bordas queimadas assim...
 E a ruiva só lhe sorria, e a ruiva só ria enquanto juntava as panelas de volta ao armário e ia até a lavanderia buscar um pano para limpar o leite derramado ao chão. Quando terminou de limpar, a taurina já tinha um café quase pronto, e já tinha posto o leite gelado e o achocolatado em seu copo de vidro outrora carregado de requeijão. E riu de novo a leonina sentando-se na mesa. A ruiva gostava quando conseguia mudar o humor da castanha, a castanha não gostava quando ela fazia isso.

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